Samae de Papanduva traça planos para modernizar sistema de abastecimento e tratamento de água

Samae de Papanduva traça planos para modernizar sistema de abastecimento e tratamento de água

Diretor Ilário Schulka detalha ações em andamento e os desafios futuros em entrevista a três veículos de imprensa locais

Em entrevista concedida aos jornais Liberdade, Primeira Página SC e Tribuna, o diretor do Samae de Papanduva, Ilário Schulka, apresentou um panorama da atual situação da autarquia e os planos de curto, médio e longo prazo para melhorar o sistema de abastecimento e tratamento de água no município. Schulka, que assumiu a direção em janeiro, destacou a necessidade urgente de investimentos estruturais e técnicos para garantir a eficiência do serviço prestado à população.

“Como funcionários antigos da casa, já tínhamos um bom conhecimento da realidade. Mas ao assumir, fizemos um levantamento mais detalhado e confirmamos que os principais desafios estão ligados à falta histórica de investimentos estruturantes”, afirmou.

Uma das primeiras ações da atual gestão foi iniciar a contratação de uma engenheira química, que atuará inicialmente como consultora e será responsável por orientar e aprimorar os processos de tratamento da água. Segundo Ilário, esse tipo de profissional nunca integrou o quadro técnico do Samae até agora.

A autarquia também planeja a contratação de um engenheiro hidráulico, voltado especificamente para a área de distribuição de água. No entanto, encontrar um profissional com experiência prática tem sido um desafio. “Precisamos de alguém que já trabalhe com abastecimento de água, pois não adianta ter só formação técnica, é necessário conhecimento real de campo”, pontuou.

Além do reforço técnico, o Samae está desenvolvendo um planejamento para renovar os motores e ampliar a capacidade de produção de água, o que deve garantir um fôlego operacional de cinco a seis anos. Mas, para garantir sustentabilidade a longo prazo, Ilário é enfático: será preciso buscar financiamentos com prazos mais longos e juros acessíveis.

“Nossa capacidade de endividamento não é alta, mas existe uma margem para buscar linhas de crédito, inclusive federais, com pagamento em 20 ou 30 anos. Só que, para isso, precisamos de um planejamento técnico claro. O tiro precisa ser certeiro”, explicou.

Uma das dificuldades enfrentadas atualmente é a turbidez da água em alguns pontos da cidade, problema que será tratado com prioridade pela equipe técnica, incluindo a nova engenheira química. “Não é um problema no tratamento em si, mas sim na rede. A partir do diagnóstico técnico, vamos saber exatamente onde intervir.”

O diretor também destacou que o Samae tem se aproximado de autarquias mais estruturadas, como as de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Jaraguá do Sul, para conhecer boas práticas e tecnologias. “Jaraguá é uma referência em Santa Catarina, mesmo sendo uma realidade diferente em tamanho. Mas sempre há algo que podemos adaptar.”

Outro ponto crítico destacado por Ilário é o esgotamento sanitário, hoje inexistente em Papanduva. Ele lembra que o Marco Legal do Saneamento prevê que os municípios tenham 100% de cobertura até 2032, o que representa um enorme desafio.

“Hoje temos zero por cento de cobertura de esgoto. Para mudar isso, será preciso apoio de recursos federais e enfrentar obras complexas que transformam a cidade. Além disso, há a dificuldade de convencimento da população, que muitas vezes não enxerga os benefícios imediatos, já que as vantagens são mais de ordem da saúde pública do que visíveis no dia a dia.”

Ilário alerta ainda para os riscos legais: caso o município não cumpra o que determina o marco do saneamento, os gestores públicos poderão ser penalizados. “Existe, sim, o risco jurídico para prefeitos e diretores de autarquias se não houver o cumprimento da meta até 2032. Por isso, precisamos começar a agir desde já, mesmo sabendo que politicamente isso não traz retorno.”

Ao final da entrevista, Ilário reforçou o compromisso da gestão com a melhoria contínua do sistema e pediu compreensão da população. “Sabemos que o nosso sistema está defasado, mas estamos buscando uma mudança de rota. A meta é estruturar tecnicamente o Samae para que as melhorias sejam constantes e sustentáveis.”

Com um olhar técnico e realista, a nova gestão do Samae de Papanduva dá os primeiros passos rumo à modernização de um serviço essencial para a qualidade de vida dos cidadãos.

João Vianna

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